domingo, 26 de agosto de 2012

Catálogo "EXPERIÊNCIA PINTURA"

É com prazer que divulgamos o catálogo da Coletiva "Experiência Pintura". A exposição estará aberta à visitação entre 24 de agosto e 23 de setembro de 2012, nas galerias 1 e 2 do Hall da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, localizada no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.
 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Montagem - Coletiva "EXPERIÊNCIA PINTURA"

Hoje iniciamos a montagem da coletiva "Experiência Pintura" nas galerias 1 e 2 do hall da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Sob a curadoria da professora e artista Suzana Queiroga, a exposição terá abertura nesta Sexta-feira, 24 de agosto, às 19h, com trabalhos de pintura, instalação e fotografia de dez artistas que desenvolvem projetos no módulo de desenvolvimento da EAV. Abaixo, alguns momentos da manhã de hoje.




quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Pintura e Cinema - por Helena Martinho da Rocha

Meus quadros falam da estranheza, sendo influenciados pela artista Marlene Dumas, pelo expressionismo alemão do cinema de Murnau e por artistas como James Ensor, Otto Dix, Emil Nolte, e a corrente norte-americana denominada Bad Painting.

O que quero abordar na minha pintura? A vida e a morte.

Um homem com uma navalha está prestes a cortar a garganta de uma mulher. As outras personagens contornam essa imagem principal no centro do quadro. Uma menina está no lado direito do quadro usando um vestido leve e esvoaçante. Ela dança na areia da praia, segurando fitas vermelhas que voam ao movimento do vento e dos seus braços. O vestido e as fitas em movimento ampliam os sentimentos de vida e dinamismo. Na imagem da menina vemos as ondas do mar. O mar simboliza o movimento, a vida, o tempo. A simbologia do mar no rosto da mulher fala de um paradoxo da vida enfrentando a morte. A vida se perdendo na cena do crime. Parto do filme do Bergman, "Vida de marionetes". Há também o paradoxo da placidez do rosto da personagem com a ação do assassino. Este quadro tem uma atmosfera onírica.

Desejo abordar várias situações que se sobrepoem às outras. Alguns espectadores estão olhando para trás, para nós que olhamos o quadro. Olham para quem olha o quadro, enquanto outros olham para frente, para cena de crime. Assim, cria-se uma dúvida. Alguns espectadores estão com máscaras que simbolizam uma atitude humana, sentimentos que devem ser escondidos. Essas pessoas não podem mostrar claramente os seus sentimentos e se escondem por trás de máscaras.

por Helena Martinho da Rocha, Rio, agosto, 2012.


 

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Corpo e Arte da Performance - Luciana Lyrio

Série Vermelha
S/ Título [detalhe]
Acrilica s/ tela
60cm x60cm
2012

Percebo em meus trabalhos, nas diversas formas em que se apresentam, seja no desenho, na pintura, na instalação ou performance, a pesquisa de um fio que busca entender a vivência de um corpo em trânsito e à procura. Um corpo jogado no mundo que sinto habitar entre fronteiras tênues e dissolutas. Corpo que me traz a vivência da humanidade no território em que me permeiam o animal, o vegetal e o mineral. Território em que habito e vivencio a minha "criaturidade".

Série Sépia
S/ Título [detalhe]
Acrilica s/ tela
60cm x60cm
2012
Em meus desenhos e pinturas há forte recorrência de formas orgânicas. São lembrancas do interior dos corpos, do que se vê a olho nú. São tambem imagens do mundo micro ou macro do que pertence ao lá de dentro. Há uma vivissecção dos tecidos, interstícios, membranas e trabéculas da interioridade. Visões do interior do humano, do animal ou vegetal.

Há sempre o vermelho e os tons terrosos. O vermelho é o sangue que se faz seiva na cor sépia. Ambos fluidos vivificantes, que ora formam vasos, capilares e órgaos, ora casulos, sementes e folhas. Em uma constante construção de um corpo uno de imanência de todos os seres.


Série vermelha
S/ Título [detalhe]
Acrilica s/ tela
60cm x60cm
2012
Questões de gênero e poder são o ponto de investigação em minhas performances, das quais apresentarei uma na coletiva "Experiência Pintura". Através de referências diretas e indiretas ao corpo humano e de ações que tentam promover possíveis restaurações e curas, procuro o equilíbrio das relações entre os sexos e do homem frente à natureza. Embora haja uma forte narrativa feminina em minhas performances, não me oriento por um enfoque feminista. Ao contrário, as ações soam como súplicas à restauração de um equilíbrio entre as forças femininas e masculinas.






por Luciana Lyrio, agosto 2012. 


sábado, 11 de agosto de 2012

MATRIZ - por Ricardo Toledo


S/ Título [Detalhe]
Acrílica s/ tela
100 x 240 cm
2011
"O artista carioca Ricardo Toledo mostra obras onde explora sistemas de linguagem. Nos suportes da tela, papel e madeira, a escrita humana é transposta para o código binário computacional ASCII, na qual cada letra do alfabeto romano-latino tem como correspondente uma combinação de oito dígitos entre os algarismos 0 e 1.


Intervenção em parede
Ouro Preto/MG - 2011
A partir de seu interesse e conhecimento do sistema ASCII, Toledo iniciou uma série de estudos que envolvem a tradução de orações e uma letra de música em português para o idioma das máquinas. No processo porém, qualquer possibilidade de decifração se perde, tornando o seu trabalho uma pesquisa que recorre de um extremo a outro o ato de construção e desconstrução da comunicação verbal-digital.

Banco de dados [montagem]
2011



Banco de dados [montagem]
2011

Vertidas em números, as letras se tornam códigos que por sua vez transformam-se em padrões abstratos formados por textura e cor. Nesse movimento, o artista manipula índices pertencentes ao veloz universo das máquinas digitais através de recursos artesanais, sensíves e lentos, próprios da essência do fazer artístico. Ricardo Toledo cria suas obras em um procedimento imersivo, e na metodologia que traduz e imediatamente camufla frases, faz a viabilidade narrativa desaparecer, especialmente nas pinturas.
No entanto, há uma peça cuja mensagem permaneceu clara no código ASCII. Nela, o espectador atento perceberá que há duas possíveis leituras ali: a poética, que deita camadas de siginificações sobre o objeto artístico, ou a certeira interpretação científica do código. E é nesse campo dual, entre ciência e sensibilidade que Toledo transita, buscando na base da inteligência artificial modos de promover experiências na ordem do espírito humano.



 Texto de Daniela Labra, curadora independente, sobre o trabalho do artista Ricardo Toledo [abril/11].

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Janelas abertas - por Fabiano Devide


“O silêncio é a “respiração” (o fôlego) da significação; um lugar de recuo necessário para que se possa significar (...). Reduto do possível, do múltiplo, o silêncio abre espaço para o que não é “um”, para o que permite o movimento do sujeito. (...) não é mero complemento da linguagem. Ele tem sua própria significância. (...) é garantia do movimento dos sentidos. Sempre se diz a partir do silêncio”(ORLANDI, E. P. As formas do silêncio: do movimento dos sentidos. Campinas: Unicamp, 2002. p. 13;23)
Série Silêncios
S/ Título
Acrílica s/ tela
50 x 50 cm
2011

 A investigação atual surgiu a partir da série “Silêncios” [2011], que trouxe novas interrogações e indicou aberturas, pois a relação entre corpo, práticas corporais e masculinidades, na qual minha produção vinha se debruçando, modificou-se em vários aspectos: o surgimento de imagens provenientes de fora do contexto das práticas corporais, as imagens estáticas e passivas, assim como a atmosfera silenciosa, reflexiva e introspectiva. 

A partir daí, meu processo costuma iniciar com trabalhos de pintura sobre papel em pequeno formato. O uso do papel como suporte tem servido como processo, via de apropriação, aprofundamento, negociação, interpretação daquilo que passou a ser o fio condutor da investigação: o “silêncio”.
Série Janelas
S/ Título
Impressão de carbono e guache s/ papel
32 x 44 cm
2012

A pintura sobre o papel ocasionou o surgimento de outra série – “Janelas” – a qual tenho apresentado este ano em diferentes espaços e que estará na coletiva “Experiência Pintura”. O processo tem o “silêncio” e sua possibilidade de produção de sentidos, como fio condutor, a partir do qual a série “Janelas” tem sido um desdobramento.

De imagens garimpadas no ambiente virtual, passei a produzir as próprias fotografias daquelas cenas que me impactam em algum fragmento do cotidiano, geralmente em viagens. A partir daí, desloco o personagem que “congelei” na imagem fotográfica para uma caixa, cuja arquitetura opressora, fria e silenciosa o aprisiona, num tempo de desaceleração, contemplação e espera.
     
 
Estudo para Série "Janelas"
[Detalhe]
Acrílica s/ papel
100 x 140 cm
2012





Os anônimos personagens captados originalmente na fotografia são transferidos para o papel parcialmente, através de uma impressão por carbono, como “esboços” de um estado de vazio existencial. Por isso, opto por não preenchê-los com tinta, pigmento [ou conteúdo]. Posiciono as janelas – azuis - em diferentes planos, com vistas a estabelecer um diálogo entre dentro/fora, como “frestas” por onde entra [ou sai] aquilo que este personagem aguarda sem pressa, diante desta janela aberta.


por Fabiano Devide, Rio, agosto, 2012.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Camadas temporais - Por Betelhem Makonnen

Série "O presente conjugado"
Fotografia - 2012

 
"A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente." ALBERT EINSTEIN

Trabalho pensando no tempo e na percepção deste. Penso no presente repleto do que passou e de tudo o que ainda virá a acontecer. Cada momento é uma navegação constante de todos os períodos da nossa vida: o passado, presente e o futuro. É só uma questão de prestar atenção para perceber que o tempo não é uma marcha progressiva e linear, mas um mergulho em um espaço profundo com passagens interligadas. Me interesso pela investigação dessas camadas temporais.



Série "O presente conjugado"
Fotografia - 2012

A série O Presente Conjugado é composta de fotografias que buscam mostrar a multiplicidade temporal através da presencia de uma distorção na imagem, que não só se torna um território adicional dentro da fotografia real, mas serve como diálogo entre esses territórios. A imagem criada mostra que todo momento é múltiplo e contém a essência de outras camadas temporais. Ando pelas ruas da cidade com a minha máquina fotográfica e meu finderscope [1] feito em casa procurando a evidência de um presente conjugado. Um presente distorcido por nossos sentidos, por nossas memórias, por interpretações do passado e do futuro em nosso movimento por meio do tempo. Equipada com a minha câmera e uma lente auxiliar, tiro fotos de edifícios altos, olhando para a rua. E da rua, tiro fotos olhando para cima, entre prédios e casas de diferentes bairros da cidade. Tiro fotos das janelas de táxis, ônibus e aviões. Ando na praia, focando o finderscope para o mar em busca da evidência contra a ilusão de um presente singular.

“O tempo é a substância da qual sou feito. O tempo é um rio que me leva junto, mas eu sou o rio, é um tigre que me devora, mas eu sou o tigre, é um fogo que me consome, mas eu sou o fogo.” JORGE LUIS BORGES

"Os cientistas ainda não descobriram o que acontece no centro de um buraco negro. Alguns têm sugerido que o centro de um buraco negro é onde o tempo chega ao fim, enquanto outros propuseram que é um portal para um outro universo. " BRIAN GREEN, O Universo Elegante


Entretantos [detalhe]
2012

As pinturas da série Buracos Negros São Portas foram inspiradas pelas fotos da série O Presente Conjugado. Na tela sobreponho camadas de tintas variadas em cor e translucidez pensando em paisagens terrestres e cósmicas para criar um território multidimensional. Uso tinta acrílica e tinta a óleo, pastel oleoso e óleo paintstick. As pinceladas criam vias em um fluxo constante. Com tinta aguada, crio bolhas flutuantes, pensando nas imagens de telescópios e de lâminas microscópicas. Viro a tela diversas vezes, mudando constantemente a perspectiva. Permito que a fluidez das tintas crie ligações entre as cores, surgindo buracos e brechas atravessáveis. As pinturas desta série são o resultado do meu contínuo interesse na percepção do tempo e do meu fascínio pela capacidade de redução da velocidade do tempo que os buracos negros apresentam na proximidade das suas bordas. A minha intenção é a criação de imagens do que poderia estar por detrás desses buracos.



[1] Finderscope é um pequeno telescópio auxiliar montado no topo do telescópio principal e apontado na mesma direção. Geralmente tem uma ampliação muito menor do que o telescópio principal e, portanto, pode ver mais do céu, o que auxilia na localização do objeto astronômico desejado no céu noturno.


por Betelhem Makonnen, Rio, agosto 2012.
http://www.betelhemmakonnen.com/
 



terça-feira, 24 de julho de 2012

Uma piscina para Gabriela Bezanzoni - Jozias Benedicto

A produção de imagens, esta atividade intensa de ficção que nos habita e cuja extensão e importância desconhecemos, deriva bastante da magia. (Anne Cauquelin, "A invenção da paisagem")




Meu trabalho em pintura se desenvolve em séries, se agrupa em trípticos, polípticos, séries que não se encerram e que são sempre retomadas. Serialidade, repetição, multiplicidade, camadas, obsessão.
Em 2011 e 2012 a minha pesquisa em arte se voltou para a paisagem, um dos grandes temas da história da pintura, uma invenção humana, uma forma de apreender e de prender a Natureza. Pintei paisagens, praias com o esqueleto de uma construção, de um trampolim. Ruínas de usinas nucleares, de um mirante abandonado no alto de uma serra, pedaços da arquitetura modernista, cenários de um mundo destruído ou em destruição, onde o tempo está congelado.

Aos poucos, um elemento arquitetônico foi se fixando, tomando o lugar de protagonista dos trampolins, mirantes e usinas: as piscinas. Em formato de ameba, as kidney-shaped-pools, e logo apareceram piscinas e piscinas, piscinas flutuando no espaço, piscinas dentro de piscinas, como se a piscina da Gabriela Bezanzoni no centro do palacete em estilo eclético do Parque Lage pudesse abrigar uma piscina-ameba do modernismo; ou vice-versa. Os rejuntes dos azulejos tomam vida própria: metálicos, são lâminas que cortam o espaço ao dominá-lo; são grades que tentam contê-lo, ordená-lo; são a perspectiva que serviu para a pintura renascentista criar a paisagem.


Trabalho em camadas, sobrepondo formas, manchas, técnicas, matérias, universos. Sobreponho citações de imagens da história da arte, imagens do kitsch, e faço citações/paródias de procedimentos de pintura, de “estilos”: os gestuais da action-painting, as cores fortes do fauve, as pinceladas do expressionismo abstrato. A coexistência entre estas camadas não é pacífica, o que me interessa é o embate entre mundos pictóricos: o abstrato-orgânico versus o geométrico-metálico.

 


Utilizo uma paleta com tons fortes, cores falsas, berrantes, neóns, tintas metálicas, superfícies cheias, texturas, matéria, pigmentos, excesso de acontecimentos. O acaso, o aleatório, o erro, a mancha, o escorrido, o sem-controle. O feio. Trabalho com incertezas, buscando os limites da percepção: manchas que são figuras humanas ou não, paisagens apenas sugeridas, imagens dúbias, espaços dúbios. Passo longe do clean: Tudo-ao-mesmo-tempo-agora. Tudo.




por Jozias Benedicto, julho 2012.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Processo Amnésia/Anamnésia - Cláudia Laux


Memória [detalhe trabalhos sobrepostos]
Nanquim s/ papel vegetal
2012

Anamnese: 1 Med. Histórico de uma doença feito pelo médico com base nas informações colhidas com o paciente ;  2 Ret. Figura pela qual o orador finge recordar-se de algo que havia esquecido. ;  3 P.ext. Recordação, reminiscência. [F.: Do gr. anámnésis, eós. Sin. ger.: anamnésia.
Lete “Esquecimento”, nome de um dos rios dos infernos. Divindade alegórica, filha da Noite (ou de Eris, a Discórdia) e irmã da Morte e do Sono. Fonte do Esquecimento (Lete) e da Memória (Mnémosyné) Ou rio dos INFERNOS, cujas  águas faziam os mortos esquecer todo o passado, ou o que tinham visto nos infernos
Trato de questões que dialogam entre si como o que o espaço em branco faz com as marcas de grafismo, especialmente nos trabalhos em papel vegetal. Elas evocam um estado mental. Penso em espaços e territórios, com fronteiras nítidas ou quase apagadas, como tudo aquilo que se retém e que se perde, ao longo do tempo.*
Memória longa [detalhe - 600cm]
Nanquim e guache s/ papel vegetal
2012
Prossigo um caminho de investigação sobre o território imaginário da memória trabalhando com economia – principalmente pela simples aplicação da tinta nanquim, ou de guache diluído, sobre o papel vegetal. Transparente, ele se deforma. Sequências e fragmentos apresentam-se em redes. Os espaços que se formam entre os grupos de alvéolos tomam maior importância; conforme o trabalho, são recobertos por linhas, laços que os ligam. Ilhas falam de apagamento, de esquecimento (cf. texto Deleuze).
A aplicação com penas japonesas permite variar a espessura e a intensidade de traço, marcando diferentemente o papel. Permite também, em alguns casos, que a tinta não seja mais usada, apenas água sendo colocada sobre o papel. As cicatrizes formam casulos, que se ligam em cachos, unindo-se às vezes.

por Cláudia Laux
Julho 2012


* Penso também em espaços que lutam um contra o outro, como o mar e a terra, um sobre a outra, a terra reunindo suas forças para romper a superfície daquele, no texto de Deleuze sobre as ilhas desertas; como a memória para romper o esquecimento que a recobre. (DELEUZE, Gilles. A Ilha Deserta e Outros Textos. São Paulo: Iluminuras, 2004.)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Processo - por Gabriela Simões


S/ título
Acrílica s. jornal
54 x 63cm

2012
Seguindo nossa proposta, divulgamos o primeiro texto sobre o processo criativo da artista Gabriela Simões, integrante da coletiva "Experiência Pintura".

"Pesquiso uma linguagem existencialista de angústia e inquietação na busca de uma saída. Utilizo como primeiro suporte papel de jornal e algodão; espirais formam túneis e abismos num movimento ora opressor, ora de sedução, sem possibilidade de retorno. Após uma primeira série de trabalhos, o resultado parece-me balbuciante, carente de drama e confusão. Aumento a dimensão do suporte, agora tela. Complexifico a composição. Túneis que se bifurcam noutros, formigueiros, galerias subterrâneas. Começo pintando linhas em movimentos cegos, caminhos possíveis que se sobrepõem, chocam, sobem e descem no espaço para além dos limites da tela branca, como se a trama em formação se prolongasse ao infinito.


S/ título
Acrílica s/ tela
50 x 50cm
2012
À medida que o trabalho avança, surge uma teia quase orgânica que se metamorfoseia e se ramifica em caminhos de pinceladas de tinta que deixo por vezes escorrer e noutros momentos se alongam até a matéria se esgotar deixando rasto. Sobreponho nova série de pinceladas livres e dinâmicas, alternando a espessura do pincel, com mais matéria. Por vezes, uso os dedos como veículo de expressão. Do cruzamento desses caminhos, construo estruturas como alvéolos que pulsam, chocam, confundem e oprimem, mas que se comunicam por rampas, portas, escadas, repetidamente, sem que começo ou fim, entrada ou saída resultem evidentes.

S/ título
Técnica mista s/ papel
65 x 103cm
2012





Diversos planos surgem na obra trabalhada em camadas onde os elementos de comunicação entre os compartimentos da estrutura ocorrem naturalmente, raramente com determinação antecipada de figuração. Pontos de luz que se destacam, são acentuados com pinceladas de cor alta, possíveis saídas no processo de busca".






por Gabriela Simões.
Rio de Janeiro, julho 2012.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Processos dos artistas

A partir de julho, até a abertura da exposição Experiência Pintura, postaremos semanalmente, textos e imagens de processos dos artistas que terão trabalhos na Coletiva, assim como fragmentos das aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde o grupo se reuniu semanalmente em 2011-12, com vistas a desenvolver sua investigação. O formato dos encontros , tem como característica central a apresentação e a discussão do processo e das obras dos artistas, visando consolidar seus respectivos projetos ao longo do biênio.

sábado, 16 de junho de 2012

EXPERIÊNCIA PINTURA

O Blog "Experiência Pintura" tem como objetivo divulgar a Coletiva que leva seu nome, a ser inaugurada em 24 de agosto de 2012, nas Galerias do Hall da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV). Este espaço virtual se propõe a apresentar o projeto da exposição, a curadoria, o curso "Experiência Pintura", as investigações desenvolvidas pelos artistas no decorrer do biênio 2011-12, assim como algumas obras dos mesmos. O site estará disponibilizando links relacionados aos tópicos listados acima, onde os leitores podem ter contato com a produção dos artistas e o projeto específico a ser apresentado na Coletiva "Experiência Pintura", assim como o acompanhamento do processo de construção dos trabalhos.